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Contos



infidelidade do orgasmo
infidelidade do orgasmo

          Ele se depara severamente com a verdade sangrenta de sua esposa, Elisa falsificou orgasmos, nos seus felizes e eternos dez meses de namoro, embora Otávio se lembre claramente que nesta época, ela se dizia muito satisfeita tanto na cama quanto fora dela, ele não entende e tampouco aceita o fato descrito da hipocrisia da sua esposa, a sangue frio, diante do desabafo de Otávio, uma hora depois de uma dos melhores momentos íntimos do casal. Desabafo este que era um adultério, cometida há cinco anos, mesma época de namoro. Elisa exaltada, disse sem eira nem beira, em só gole, uma fato que sabia que iria servir de contragolpe, na medida em que nestas circunstâncias, as mulheres são muito mais preparadas do eu o homem, por saberem aonde doía mais. Disse Em tom seco e objetivo: - Eu nunca tiver orgasmo, quando estávamos namorando. A reação de Otávio foi imediata, atônito não sabia se fugia ou se chorava ambas as sensações lhe golpearam, por sentir tão incapaz. É como se tudo no momento hiato, caísse de uma só vez, àquilo em que apostou uns anos dourados de namoro, que Elisa e ele tentaram e tentam não deixar morrer, pois o amor e o carinho entre eles eram imensos, a energia sincronizada, como um compasso, os mantinha imunes aos obstáculos inerentes do relacionamento. Namoram por apenas dez meses, e casaram, de tão felizes que estavam, de repente, viu- se que tudo era um maldito castelo de areia se desfez.

Neste presente instante ambos nervosos, e sua esposa, trêmula e visivelmente emocionada, correu para o quarto, aferida de Elisa é destas que não se vê, que deixa um gosto apodrecido na alma, como se nada valesse a pena. Eles se amavam tanto, por que haveria tanta discórdia e mentira? Para testá-los? Por outro lado Otávio também estava ferido, se Elisa fora exposta, ele tinha agora o dever de buscar a sua virilidade, tendo que ir até ao outro lado do eu mundo, para resgatar, àquilo que para ele era essencial: - A tua masculinidade!

Ser traído ou trair, a dor não é do ato em si, mas a do possível capacidade de substituição do ser traído (a). Esta dor se expande por um período imenso, no fundo do âmago. O casamento de cinco anos considerados estáveis agora estava, mais do que trincado, as fendas se alastravam no canto escuro da culpa e da remissão, onde é anônimo para a maioria de nós.

Por que ela mentiu? Fingiu algo tão íntimo? Perguntava-se Otávio, parecia que a ausência de orgasmo para ele fosse sinal real de incompetência e somado a isso veio por simples associação um pensamento infeliz de colega, que há muito tempo não se viam:- Se um homem não satisfaz mulher, ele é gay ou frouxo. Este colega era considerado por muitos um especialista na arte da sedução feminina. Engoliu seco o comentário inconveniente, que em nada se assemelhava ao teu jeito de ser, ele era sensível e muito atencioso para com a Elisa, formava um par romântico, na medida mais cúmplice possível....

Ganhou a rua antes que o teu casamento se tornasse um mero cumprimento de dever, se refugiou no bar próximo da sua casa, não queria perder de vista a tua esposa, o teu bem sucedido e balançado casamento.

De repente sentiu posar lhe nos ombros tensos, uma mão delicada e feminina, era a Mônica, uma amiga íntima do casal. Ela averiguou o estado preocupante em encontrava, e pediu que dissesse objetivamente o que estava se passando. Ele não podia se defender, e contou o que lhe tanto angustiava. Ela o ouvia com atenção, e no final de tudo deu o seu veredicto. Eles se amavam é verdade, porém ambos mentiram, e disse com a voz úmida de sensibilidade, que o passado não volta, e independente de eles se amavam muito, e por ter traído uma mulher tão maravilhosa como Elisa, em nada a mentira justifica, e que se ela mentiu sobre o possível orgasmo, era para protegê-lo, para, sobretudo manter a harmonia do casal, às vezes, disse ela, a mulher abre mão de muita coisa para ter um grande amor. Otávio não sentia menos dolorido por isso, mas se sentia um pouco aliviado, de súbito se levantou, pediu licença e saiu, já não admitia ficar ali, de frente para sua casa, seria uma tortura insana estar ali.

Parou no parque, onde às vezes passeava com Elisa, ganhou dois quarteirões, e se viu novamente em bar, só que este era longe de casa, e o publico o ignorava, no entanto eis que chegam alguns conhecidos, que logo debandaram em debates, no que caiu, no tema mais controverso de todos: Mulher, ele não resistiu e abriu o jogo, disse tudo, a maioria deles disse quase unânime que a tua raiva era até certo ponto racional e compreensiva. Contudo ainda se sentia inábil para satisfazer a tua própria mulher, prometeu que iria pedir o divorcio, queira ela ou não.

Será que todas as mulheres fingem orgasmos? Era a pergunta que rodou e orbitou a roda, confuso e sem ouvir a maioria dos comentários dos seus colegas, partiu para casa, estava com saudade de sua casa e de sua linda e doce esposa.

Ao chegar em sua casa não dirigiu nenhuma palavra a Elisa, e ela pensando que quando ele voltasse o pesadelo seria dissolvido, um casamento tido como feliz estava com os dia contados.

Passado duas semanas, o divorcio não veio e nada foi dito a respeito, entretanto o rendimento magro de conversa, poucas palavras trocadas entre o casal, ambos no fim da tortura silenciosa e tensa e tortuosa, explodiram...

Beijos e abraços numa extrema volúpia com ascensão em gemidos e sussurros ceifaram na cama, a indignação, o divórcio prometido e a culpa mais a redenção dela, entre prazeres e gozos e o silêncio, perdoaram se e nunca mais se mentiu naquela cama.